quinta-feira, 21 de outubro de 2010




Estava lendo uma das muitas e maravilhosas crônicas de Rubem Alves onde ele dizia que a burrice não merecia ser salva. Meu Deus, foi aí que parei e pensei: será mesmo que não temos salvação? 
Estamos as vésperas das eleições que decidirão o destino do Brasil; o povo vai poder optar entre contuidade a um projeto de governo vitorioso e que promete muito mais ou, quebrar a cara mais uma vez com o velho discurso daquela elite que promete mundos e fundos e sempre te deixa na mão.  
Eu não gosto de politica, deveria gostar, mas não gosto. Odeio aquelas discussões fervosoras que nuncam têm um ponto final. Eu sei que esse meu pensamento está errado, assim como o da maioria desenganada que acha que todos são todos uns mentirosos e que no final das contas é melhor não acreditar em ninguém.
O povo reclama e reclama, mas o fato é que não dão a menor importância ao próprio governo. Afinal de contas, bom ou ruim alguém tem que administrar esse país, assim pensa a maioria. Graças a Deus assim eu não penso, não chego a esse ponto.
Na verdade, o que temos é preguiça de pensar, de lutar, medo de mudar, de fazer qualquer coisa que afete a gostosa comodidade. Albert Camus disse com muita propriedade que: " Não sou feito para a politica porque sou incapaz de querer ou de aceitar a morte do adversário".

Vendo na televisão a imagem do canditado José Serra disparando sorrisos afáveis e olhares de bom velhinho parei e pensei: O que é o poder de um produtor de imagem? Escrevo isto porque confesso que antes eu tinha medo do Serra que parecia mais o Bicho Papão. O pior é que além de bom velhinho o candidato agora levanta escancaradamente a bandeira de uma fé totalmente mercatilizada e oportunisita. Ora, não há nada mais inapropriado do que a mensagem de verso do seu santinho: "Jesus é a verdade e a justiça".
 Poxa, eu quero um presidente que respeite a Carta Magna, a Lei Maior que entenda que o Brasil é um país laico. A verdadeira democracia deve respeitar todas as religiões e garantir a liberdade religiosa. Não existe nada mais perigoso e ditatorial do que este santinho. Tenho medo dessas pessoas que professam inadequada e estranhamente sua fé religiosa. Soa um tanto inquisidor. Infelizmente assim é o povão, acredita em qualquer coisa. 

Para aqueles que insistem em não gostar de politica como eu vale a penar ler a cronica CHAPEUZINHO VERMELHO de Rubem Alves. O Lobo Mau se passou por bom moço, comeu a vovozinha e tentou comer a Chapeuzinho Vermelho. Na história real ela foi salva pelo caçador, mas nem sempre as coisas acontecem como nas histórias em quadrinho.. Um dia o Lobo Mau pode te comer e aí vai ser tarde demaisssss.

"A estoria de Chapeuzinho Vermelho nos ensina preciosas lições politicas. Caminhando pela floresta, Chapeuzinho, tão bonita, acredita na fala do lobo, escondido no meio das árvores. Assim é o povão: acredita em qualquer coisa. (...) Muito mais espertos que o lobo de antigamente, os lobos de agora valem-se da mais moderna tecnologia. Contratam "produtores de imagem". O que é um produtor de imagem? É um profissional de estética que faz operações plásticas na imagem do canditado de forma que ele deixe de ser o que era, naturalmente, e fique parecido com a imagem que o povo deseja. Pois o lobo, já com a vovozinha dentro da barriga - (Voz gutural: "Que grande goela a minha! Engoli a velhinha inteira!") - "fantasiou-se" de vovozinha. "Toc, toc, toc ...", Chapeuzinho bateu à porta. " Quem bate sem ordem minha?" pergunta o lobo com voz grossa. "Sou eu, Chapeuzinho..." O produtor de imagem que se escondia atrás da cabeceira da cama lhe disse logo: "Mude a voz, mude a voz..." E sua voz gutural se transformou na tremula voz de uma velhinha indefesa: "Pode entrar minha netinha". Chapeuzinho conhecia a vovó muito bem. Aproximou-se da cama e, pasmem!, não percebe a diferença. As orelhas, os olhos, o focinho, os dentes, os pelos na pata o cheiro de corrupção, tudo dizia: "Fuja! Não é a vovozinha! É o lobo!". Mas a chapeuzinho era muito burra, muito burrinha mesmo. Como o povão que vê televisão, ela acreditava na "imagem". Na estória, os caçadores salvam a tonta. Mas acho que não merece ser salva. (...) Na vida real o fim é outro. O lobo, jantamente com os caçadores e os produtores de imagem, comem Chapeuzinho Vermelho, como atestam esses anos de "democracia" no Brasil." Rubem Alves


Pois bem, não se deixe devorar. O lobo a todo tempo dá sinais de que é lobo.

Voto em Dilma!

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