O Louco

Estava lendo Rubem Alves (Ostra Feliz não faz pérola) quando me veio à mente Gibran e decididamente O Louco surgiu em disparada.

         " Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim: Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

            Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

            E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

            Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

            Assim me tornei louco.

            E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós."

Já dizia Rubem Alves que as pessoas ajustadas são indispensáveis para fazer a máquina funcionar, mas só as desajustadas pensam outros mundos. 

De antemão vou dizendo que não uso máscaras, apenas chapéu para me proteger do sol, e, não dispenso um protetor solar FPS 50.

Só por um instante tomo a licença de discordar do Profeta, pois estou cansada de não ser compreendida e não sei o que fazer com a tal liberdade que solidão me proporcionou. 

 Uma pergunta que não quer calar: Por que a chuva cai em gotas e não toda de uma vez? Eu eim... Na verdade, a maior liberdade está em nunca deixar de ser criança.

Feliz Dia das Crianças !!!!