terça-feira, 29 de março de 2011

DE REPENTE, NAO MAIS DO QUE DE REPENTE

DE REPENTE, NÃO MAIS DO QUE DE REPENTE
(Ao som de Erik Satie)
                               Para Caio Fernando Abreu

Foi de repente, não mais do que repente que ela sentiu aquela sensação deliciosa que sobe e desce , desce e sobe. Vejam só, depois desse ataque Clarice até esqueceu daqueles seus pensamentos típicos de que qualquer sensação um pouco mais diferente já era conseqüência  de algum de seus desarranjos neuróticos. Ao sentir aquela sensação Clarice imediatamente olhou-se no espelho e disse: Vejam só... Depois disso todos passaram a vê – la.
De repente, não mais do que repente ela ouviu algo do tipo: “Eita Clarice, pega aqueles teus sapatinhos vermelhos e sai pra dançar”.
Clarice não pensou duas vezes e saiu de casa. Nessa noite ela estava leve, solta e tranqüila. Ora, não era pra menos, afinal de contas ela só sabia sentir e sentir. E foi de repente, não mais do que repente que Clarice encontrou aquela velha amiga dos tempos do colégio que não via há anos.  
- Josefina? É você? Nossa, quanto tempo que não nos vemos - disse Clarice.
- Clariceeeeeee – respondeu Josefina naquela euforia típica que só várias doses de uísques podem te proporcionar, e continuou: - Senta aqui comigo meninaaaaa, vamos conversar um pouco porque hoje estou precisando, quero tomar todas, me acabar no uísque e fumar todos os cigarros que estiverem ao meu alcance.
Clarice e seus sapatinhos vermelhos uniu-se à sua amigaaaaa Josefina, disse:
- Por que você está aqui sozinha? Conta tudo, e por que esta vontade louca de se lançar no tudo ou nada justamente hoje?
- Ah amigaaaa é meu coração que está cansado de sofrer, de ser enganada, de me entregar de corpo e alma a esses homens filhos de uma puta que só querem te comer e nada mais. Eu sempre esperei encontrar alguém massa pra dividir meus medos e minhas alegrias, fui tão comportada durante anos seguindo todo aqueles protocolos do que fazer ao sair com um homem. Inicialmente me comportava como difícil, depois fazia um charme e fingia ficar horrorizada com qualquer expressão mais quente que ele disparasse. Agora me diga Clarice, do que adiantou? Hoje estou só porque cansei de ser traída por esses idiotas. Poxa, eu fiz tudo como manda a lei, o que houve de errado? Pois bem, de hoje em diante as coisas vão ser diferentes, decidi dar o troco neles, vou usá – los, pisá-los e humilha – los. De hoje em diante. Topa me seguir nessa parada Clarice?
Nessa hora a voz de Josefina ficou embargada e quis chorar, mas não se permitiu tal fraqueza, fez coisa melhor: - Garçom, traga mais uma dose!!
Apesar de todo aquele ambiente pesado que a cercava, Clarice não se deixou abalar e disse:
- Meu anjo, não fique assim tão triste por coisas que não estão ao seu alcance. Certa vez me ensinaram que a vida tem caminhos estranhos, tortuosos às vezes difíceis: um simples gesto involuntário pode desencadear todo um processo. Sim, existir é incompreensível e excitante. Querer morrer? Querer matar? Será que você não consegue suportar a maravilha de estar viva e de ter escolhido ser você mesma e fazer aquilio que gosta - mesmo que muitos não compreendam ou não aceitem. Ah, querido Caio (pensou quieta lembrando – se deste amigo que se foi).
E foi de repente, não mais do que repente que Clarice deixou aquela sensação deliciosa que lhe acometia desde cedo tomar conta do seu corpo e concluiu: “É muito bom sentir, é muito bom saber que você está viva e algo ainda se faz presente dentro de você”. Não mais do que repente ela chorou feito uma tola naquela mesa de bar, depois sorriu e agradeceu pelo prazer de estar viva.  
“Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes” (CFA).

domingo, 20 de março de 2011




Ah vá ... sem essa de dúvidas existenciais minha ovelhinha. Passa pra outra, pega teu caderno com tuas notações e relê aquelas frases de efeito pra ver se voce aprende alguma coisa. Voce acha que já não está a hora de colocar tudo em prática?
Já nao era sem tempo baby, tá na hora de se feliz ... se joga sem preconceitos, só me faça o favor de não querer se jogar do precipicio, pois nao é disso que estou falando. Eu falo de coisas boas, falo da vida e das emoções, do tocar, do amar, sentir, respirar ...
Podes até continuar sendo aquele pavão misterioso, isso até que dá um clima legal, mas nada além de misterios